Uma música que nasceu para ser uma homenagem a uma grande obra literária. Mas que, além de ter se tornado um grande hit, ajudando a lançar o The Cure para o sucesso, também se transformou uma grande dor de cabeça para a banda. Com mais de 30 anos de idade, Killing an Arab ainda gera polêmicas por seu conteúdo.
A inspiração de Killing an Arab, lançada no fim de 1978, foi a obra O Estrangeiro, do franco-argelino Albert Camus. Nela, um homem chamado Mersault comete um assassinato em uma praia da Argélia, e não sente nenhum remorso pela morte de sua vítima árabe.
O problema para o The Cure e Robert Smith é que a música foi associada, mais de uma vez, a temáticas racistas. No lançamento do álbum Standing on the Beach, com grandes singles da banda, em 1986, o selo que representava a banda nos Estados Unidos, Elektra, fez com que um aviso explicando que a música não tinha intenções racistas fosse aplicado na capa do disco.
Em uma entrevista ao site Chart Attack, ainda em 2001, Robert Smith já reclamava de um problema bastante atual: as pessoas não passam dos títulos antes de comentar, opiniar, atacar um certo conteúdo. ‘Um dos temas da música é que a existência de todos é basicamente a mesma. Todo mundo vive, todo mundo morre, nossas existências são as mesmas. Estão tão distante de uma música racista. E parece que ninguém passa pelo título e isso é muito frustrante’, afirmou o líder do The Cure.
De tempos em tempos a música apareceu novamente em meio a polêmicas após ser usada por grupos que pregam contra a presença árabe em seus países, principalmente nos Estados Unidos. Foi o caso durante a Guerra do Golfo ou após os ataques às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, pouco tempo antes de a entrevista de Smith ao Chart Attack.
Mais recentemente, em entrevista ao site SongFacts, um dos fundadores do The Cure, Lol Tolhurst também afirmou que a música não tem nada de racista. ‘Era sobre alienação e existencialismo, coisas mais relevantes para nós na época. Obviamente os eventos das últimas duas décadas mudaram a percepção sobre o significado da música. Totalmente errados, devo dizer, já que não há nenhuma relação com racismo ou assassinato’, disse.
Standing on the beach
De pé na praia
With a gun in my hand
Com uma arma na mão
Staring at the sea
Olhando para o mar
Staring at the sand
Olhando para a areia
Staring down the barrel
Olhando para o cano apontado
At the Arab on the ground
Para o árabe no chão
I can see his open mouth
Posso ver sua boca aberta
But I hear no sound
Mas não escuto nenhum som
I’m alive
Eu estou vivo
I’m dead
Eu estou morto
I’m the stranger
Eu sou um estranho
Killing an Arab
Matando um árabe
I can turn
Eu posso me virar
And walk away
E ir embora
Or I can fire the gun
Ou eu posso atirar com minha arma
Staring at the sky
Olhando para o céu
Staring at the sun
Olhando para o sol
Whichever I chose
Qualquer coisa que eu escolhesse
It amounts to the same
Significa a mesma coisa
Absolutely nothing
Absolutamente nada
I’m alive
Eu estou vivo
I’m dead
Eu estou morto
I’m the stranger
Eu sou um estranho
Killing an Arab
Matando um árabe
I feel the steel butt jump
Eu sinto a arma disparar
Smooth in my hand
Suavemente em minha mão
Staring at the sea
Olhando para o mar
Staring at the sand
Olhando para a areia
Staring at myself
Olhando para mim mesmo
Reflected in the eyes
Refletido nos olhos
Of the dead man on the beach
Do homem morto na praia
The dead man on the beach
Do homem morto na praia
I’m alive
Eu estou vivo
I’m dead
Eu estou morto
I’m the stranger
Eu sou um estranho
Killing an Arab
Matando um árabe