Reprodução de vídeo promocional de Rough and Rowdy Ways
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Uma confissão sobre Bob Dylan

Eu comemorei muito o Prêmio Nobel de Literatura de Bob Dylan em 2016 por, como disse a Academia, ‘criar uma nova expressão poética com a grande tradição musical americana’. Para mim, era a coroação de uma das provocações que eu adorava fazer para amigos fãs do músico e poeta.

https://open.spotify.com/album/1Qht64MPvWTWa0aMsqxegB?si=T72sOe0yS0uUAKmpE1ZNjg

É isso. Não gosto das músicas do Bob Dylan. Comecei minha birra no final dos anos 80 (sim, anos 1980). Uma professora de inglês, pela minha memória chata e enjoada, nos colocou a música Blowin’ in the Wind para ouvir e tirar algumas partes da letra. Na época, eu estava cada vez mais voltado para o punk-rock.

Lembro depois de quando ele veio para o Hollywood Rock, em 1990. Vi uma reportagem sobre exigências que o cara fazia para os shows. Era uma reportagem que mostrava uma figura um tanto antipática – de novo puxando pela memória. E ainda mostrava que fãs queriam que todos recebessem o cara de joelhos. Puta bode!

Com o tempo, o contato com alguns grandes amigos e fãs bem ardorosos me fez curtir fazer provocações sobre a ‘pouca qualidade musical’ do astro. O tipo de provocação que se faz entre amigos, na brincadeira. Mas que nesse mundão sem fim da internet e redes sociais gera reações mais violentas. Enfim…

Por exemplo, sempre que alguém vinha me dizer da qualidade das letras do Bob Dylan, adorava dizer que ele deveria escrever livros, já que as músicas são chatas demais. Por isso o Nobel de Literatura me deu mais argumentos para continuar sendo chato.

Bem, aí o cara, aos 79 anos, lança mais um álbum, Rough and Rowdy Ways. O inglês Guardian já cravou sobre as músicas: ‘elas são o tipo de canções do Dylan que toleram quase nenhum questionamento sobre a qualidade, o tipo de música que você poderia colocar para um agnóstico de Dylan como um testamento de sua infindável grandeza’.

Tá bom, depois de toda essa enrolação, eu confesso: é um álbum gostoso de ouvir. Minhas preferências, obviamente, ficam em False Prophet e Goodbye Jimmy Reed. Mas não é a chatice com a qual eu rotulei tudo o que Bob Dylan tenha lançado até hoje.

Quantas vezes vou ouvir? Poucas, talvez. De vez em quando, em algum momento mais calmo, fazendo alguma outra atividade, sozinho. Ou como fundo para aquele bate papo entre poucas pessoas. Talvez Murder Most Foul, de 17 minutos, eu nunca complete. Mas vai, estou avançando. Agora só preciso de umas dicas para conhecer mais. Não sei nem por onde começar…

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