Mick Jagger em ação no show em Copacabana (Reprodução)
Mick Jagger em ação no show em Copacabana (Reprodução)
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Mick Jagger e sua arte de ser incrível

Eu curto ter essa relação de amizade com o rock. Não é apenas um estilo de música, é colega de vida, me acompanhando há muitos anos, encaixando-se da forma que me foi necessária: cheio de energia, romântico, contestador, sexy, delirante e por aí vai.

Por tudo isso, olhar uns caras na casa dos 70 anos, na ativa, e com tantos serviços pelo rock é de parar e fazer referência. Em pouco mais de um mês, três dos Stones fizeram aniversário: Ron Wood completou 73 anos em 1º de junho. No dia seguinte, Charlie Watts fez 79. E, no último domingo, dia 26 de julho, Mick Jagger.

Fiquei tentando lembrar um pouco mais de qual foi a primeira vez que vi algum trabalho dele, ainda bem criança. Tentei Google, Youtube, mas nada clareou minha ideia. Lembro de ser pequeno e ter visto um clipe, ou teria sido um trailer, em que aparecia apenas Mick Jagger. Um cara diferente, parecia de borracha, me causou muita estranheza.

Muitos anos depois fui associar aquela figura ao nome do astro. Confesso que, criança quadradona que eu era, ainda mantive uma certa birra de suas caretas e toda sua expressão corporal. Obviamente, e felizmente, isso passou. E, dos clássicos para outras mais lado B, Stones passaram a fazer parte também de minha vida.

Queria ter podido ver Stones no palco muitas vezes. Não rolou, uma pena. A frustração começou justamente quando os caras vieram para o Brasil pela primeira vez. Os anos de 1994 e 1995 foram difíceis, com problemas financeiros atingindo a família em cheio. E, desta forma, meu irmão e eu não pudemos ver Stones no início de 95.

Consegui finalmente ver os Stones em 2006. Dei a sorte de estar morando no Rio de Janeiro, mais precisamente em Copacabana, naquele mês de fevereiro. Fiquei o mais próximo que pude, apesar de uma gigantesca área VIP, e foi um show incrível. Sim, toda a atmosfera, com mais de um milhão de pessoas na praia, ajudou. Mas é isso, foi um show incrível. Independentemente de qualquer coisa.

E isso ficou ainda mais claro para mim quando vi o documentário Shine a Light, em 2008. Era para ter sido um filme sobre a turnê dos Stones, incluindo o Rio. Mas Martin Scorsese, diretor do filme, preferiu fazer algo mais intimista. Assim o documentário foi todo filmado no teatro Beacon, em Nova York.

No documentário, o que falta é justamente a força da plateia. É morna, sem sal. Mas as imagens de bastidores do show me dão a impressão do quão profissional Jagger é. Ele discute cada passo, sabe o que vai fazer, o que esperam dele. Ketih Richards e Ron Wood parecem estar mais numa festa, curtindo. Jagger está trabalhando. E é incrível. Faz com perfeição, com gosto.

Pensar que quando vi os Stones no Rio por algum momento pensei em estar em um dos últimos shows da banda. Por sorte, um grande engano!

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