Marcelo, Rodrigo, Kaneda, Leonardo e Rafael, do Asfixia Social (Divulgação)
Marcelo, Rodrigo, Kaneda, Leonardo e Rafael, do Asfixia Social (Divulgação)
Reportagem Especial

Asfixia Social soma sons e estilos em álbum forte

O Bem Rock vai falar de hip hop, de rap, ska. Vai falar de rock’n’roll. De música boa e mente aberta, de uma amizade de infância, unindo estilos e influências que, desde 2007, toma forma como banda. O Asfixia Social, grupo que lançou oficialmente no último mês de agosto o álbum Sistema de Soma.

“Muita gente associa a uma banda de metal, uma banda punk, mas tem muita gente que associa também com um grupo de rap. Então depende muito de quem olha, a perspectiva de quem vê.”

Kaneda

O Asfixia Social hoje é formado por Kaneda (trompete, trombone, voz), Rafael Santos (guitarra, voz), Marcelo Sampaio (guitarra, voz), Leonardo Oliveira (baixo, voz) e Rodrigo Silva (bateria). Mas, no álbum Sistema de Soma, os cinco são acompanhados por outros grandes nomes da música, em diversos estilos.

A seleção passa pelos trombonistas Bocato e Gabriel Rosati, Mao, do Garotos Podres, o rapper e cantor Gog, além de DJ Tano, Bux, Funk Buia, o cubano El Cepe, Karen Santana, Peixoto, Petróleo e Beto Firmino, fazendo uma mistura coesa, unindo todos os estilos já citados, não apenas no álbum como um todo, mas mesmo em uma única música.

Sistema de Soma é o terceiro álbum oficial do grupo – A Guerra na Tua Porta (2008) e Da Rua Pra Rua (2012), embora o grupo considere como o segundo, já que A Guerra foi quase uma demo bem no início da formação do Asfixia Social.

SONORIDADE
A fusão de sons do Asfixia Social é ligada desde o princípio à história de Kaneda e Rafa. ‘Meu estilo de escrita é mais voltado para o hip hop. O Rafa, a gente é amigo de infância, é mais do rock’n’roll. A gente ouvia muita coisa juntos e foi aí que surgiu essa mistura’, conta Kaneda.

‘O fato de ouvir bastante coisa, diversas e distintas, fez com que a gente tivesse abertura maior de compor aqui e ali, essa abertura de sonoridades’, explica Rafa, prevendo inclusive novas misturas para o futuro. ‘Outras sonoridades virão, a gente está com essa proposta’, diz o guitarrista.

Marcelo, que além de fazer a guitarra base ainda é o produtor da banda, tem uma boa definição. ‘Asfixia é uma banda pagã, não tem vínculo. Não foi batizada em nenhum estilo, por isso é interessante’, afirma. ‘Não faz muito sentido querer ser purista na música, ainda mais em uma banda que contesta posições políticas assim’, completa.

AMADURECIMENTO
Com um hiato de aproximadamente oito anos entre os lançamentos dos álbums Da Rua Pra Rua e Sistema de Soma, o Asfixia Social passou por algumas mudanças e transformações. Houve alterações nos integrantes da banda, mas principalmente, os músicos dizem que o Asfixia amadureceu.

‘Houve um amadurecimento’, fala Rafa, lembrando que, apesar de o Sistema de Soma ter sido lançado agora em 2020, já vinha sendo trabalhado pelo grupo. ‘O disco a gente lançou agora, mas ele já é um reflexo de todo esse tempo’, continua.

Para Kaneda, Sistema de Soma consegue mesclar melhor as sonoridades nas próprias músicas. ‘O Da Rua Pra Rua foi feito de uma maneira muito espontânea, não tem muita produção mesmo. Uma música é mais reggae, uma é mais punk. Esse disco novo amadurece nesse sentido musical’.

Os músicos ainda exaltam as parcerias no novo álbum. ‘Além de ser importante você estar em contato com essa gente que tem mais experiência com a gente, é importante deixar bem claro que não tem fronteira’, afirma Marcelo.

‘Para os dias de hoje, isso é importante. Sinaliza que a gente pensa assim nos outros aspectos também, não só musicalmente. Politicamente a gente pensa assim. A gente pensa assim culturalmente. A gente não acha que tem de ser tudo igual, tem que pensar igual’, completa o guitarrista e produtor.

JUNTANDO O TIME
Se gravar um álbum apenas com os integrantes da própria banda já pode ser um desafio, o Asfixia Social encarou um ainda maior. ‘Para juntar o pessoal é difícil. O Bocato veio primeiro, o Bocato e o Gabriel Rosati. A gente convidou, ele aceitou, trouxe o Gabriel que é um italiano, radicado nos Estados Unidos’, conta Marcelo.

‘Todo mundo que topa fazer uma coisa junto, a gente traz para dentro porque é um enriquecimento para a música, um crescimento, como banda também, e a música fica melhor. Demorou um pouco, mas o resultado foi satisfatório’, continua.

Além do álbum, o Asfixia Social ainda lançou uma série de clipes com as gravações das músicas. Kaneda explica que tudo foi filmado em partes. ‘A bateria gravou-se num dia, a gente filmou tudo naquele dia. No outro dia gravou-se o baixo, a gente filmou o baixo’, conta.

‘Demorou uns dois anos para tudo acontecer’, explica. Apesar da gravação em etapas, apenas dois músicos não estiveram em São Paulo, no mesmo estúdio. ‘O El Cepe foi feito em Cuba. Ele gravou e filmou lá’, diz Kaneda, explicando que houve o cuidado para que o estúdio fosse similar ao de São Paulo. ‘O Peixoto também, que é de Maceió. O resto foi gravado em São Paulo. Desde a metaleira até o resto da banda’, fecha.

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