PH Barcellos, Capoo Polacco, Felipe Cazaux e Renan Maia, da Mad Monkees
PH Barcellos, Capoo Polacco, Felipe Cazaux e Renan Maia, da Mad Monkees (Reprodução)
Reportagem Especial

Mad Monkees vive os desafios do rock independente

Quatro músicos talentosos, com grande experiência. Participações em grandes festivais, como Bananada, DoSol entre outros. Depois de um EP, tiveram também um disco gravado, em parceria com um dos produtores mais importantes do rock no Brasil, lançado em São Paulo. A banda Mad Monkees trilhava um caminho incrível.

Formado oficialmente em março de 2015, esse grupo cearense viu essa rápida ascensão acabar entre o fim de 2019 e a virada para 2020, com uma outra realidade bem mais difícil de encarar. ‘A gente está em uma entressafra, da banda mesmo’, conta Felipe Cazaux, vocalista, guitarrista e um embrião do Mad Monkees.

“A gente vê que tem uma galera que ainda curte. A gente chegou a anunciar o fim da banda, quando o batera saiu. A gente está meio nesse hiato”

Felipe Cazaux

Grana acabando, problemas de relacionamento e, por fim, a quarentena em função da pandemia do Covid-19 minaram o que parecia ser uma base sólida construída com rock’n’roll de primeira. ‘Está tudo meio confuso e a gente vai ver o que fazer agora’, diz Felipe.

O quarteto já contava com boa experiência tocando juntos. Felipe Cazaux tinha um projeto solo de blues, e Capoo Polacco (guitarra), Renan Maia (baixo) e PH Barcellos (bateria) o acompanhavam. ‘Com a entrada do Capoo, o som foi ficando mais pesado. Foi desvirtuando do meu trabalho e pensamos em montar algo do zero’, explica o frontman.

TUDO MUITO CORRIDO
Ainda com o trabalho solo de Felipe, mas com a formação que viria a ser o Mad Monkees, o quarteto ganhou um concurso em Fortaleza e, com o prêmio em dinheiro, investiu na nova banda. ‘Um dos caras que estava no concurso era o Fabrício Nobre, do Bananada’, relembra o músico, sobre a presença do produtor de um dos festivais mais importantes no Brasil.

Em setembro de 2015 os Mad Monkees lançaram seu EP. Dois meses depois os caras estavam no festival DoSol. Paralelamente, o trabalho da nova banda foi ganhando projeção. ‘Fomos tocar no DoSol, e o EP já tinha chegado na mão do Miranda, que tinha curtido’, conta Felipe.

Carlos Eduardo Miranda, o Miranda, um dos produtores musicais mais importante na história do rock produzido no Brasil, falecido em março de 2018, curtiu mesmo a Mad Monkees. ‘Ele comentou que umas três pessoas foram mostrar (o EP) para ele. Eu mandei um email e ele me ligou’, conta empolgado o guitarrista.

‘Em agosto de 2016 gravamos o disco com ele. Lançamos em abril de 2017’, relata. A partir daí foram outros festivais, muitos shows, uma vida entre São Paulo e Fortaleza e um novo EP, Guerra, lançado em março de 2019. ‘Tudo muito corrido. Entre o segundo semestre de 2015 até agosto de 2019 a gente fez tudo isso’.

A Mad Monkees estava crescendo, tendo participações e entrevistas com figuras históricas do rock’n’roll nacional, como Showlivre, do Clemente, além de entrevistas para Gastão Moreira e Thunderbird. ‘Um orgulho muito grande de bater um papo com esses caras. Estávamos conseguindo várias matérias e bastante shows’, diz Felipe.

“Tem coisas que foram legais, que é quando a galera procurava a gente. era o que a gente queria, que a galera procurasse a gente”

VIRADA
Em agosto de 2019 a Mad Monkees tocou no festival itinerante Garage Sounds. Foi o último show, pelo menos até agora. Enquanto Capoo e Renan já moravam em São Paulo, Felipe e PH Barcellos dividiam locais para morar entre as capitais paulista e cearense. E a relação entre os dois azedou.

‘Rolou uma ruptura na banda. Foi muito pessoal, uma questão de convivência mesmo’, explica Felipe. O guitarrista ainda elogia o ex-baterista da Mad Monkees, mas descarta um retorno. ‘É um cara de bom coração. Mas não tem como voltar a formação com o PH’.

Essa foi a primeira pedra no caminho da banda. Felipe conta que estava com planos para 2020. ‘Depois que a gente fez esse último show em agosto, a ideia era que a gente pudesse compor e lançar este ano. Mas com os estresses acabou não rolando’.

Aos problemas de relacionamento somaram-se ainda dificuldades financeiras para a banda. ‘Falência, porque precisa ter uma base de grana. Você vai investindo, mas chega uma hora que não dá mais’, explica. ‘Em São Paulo estava difícil manter a entrada de dinheiro. A gente é músico profissional, depende de tocar em bar, dar aula. A gente não conseguiu se fixar lá’, relembra.

E, para piorar, a quarentena neste 2020 deixou o cenário ainda mais nebuloso. ‘Vai ficar difícil para muita gente que lutava para cena underground. Vai ter um baque depois dessa pandemia, a gente ainda vai sentir lá na frente dessa falta de espaço’, prevê o músico.

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