Mario Testoni no estúdio Orra Meu (Reprodução/Facebook)
Mario Testoni no estúdio Orra Meu (Facebook)
Reportagem Especial

Casa das Máquinas salta 44 anos para encarar redes sociais e streaming

O universo musical mudou muito desde que o Casa das Máquinas lançou seus três primeiros álbuns: Casa das Máquinas (1974), Lar de Maravilhas (1975) e Casa de Rock (1976). Agora, 44 anos depois do último lançamento, esta banda icônica está finalizando seu quarto álbum, Brilho nos Olhos, que será lançado até o início de 2021.

Para encarar as diferenças entre os dois períodos, o Casa agora tem presença constante em redes sociais e no Youtube. Ao Bem Rock, Mario Testoni, tecladista e remanescente das formações da década de 70, conta que a gravação em um programa da rádio Kiss FM foi o ponto de partida para esse trabalho digital da banda. Lá, ele conheceu Fani Moraes, que foi contratada para gerenciar essa integração do Casa.

‘Quando a gente gravou o Kiss Club, eu conheci a Fani. E achei espetacular, sensacional. E hoje não adianta você falar: vou cuidar do Facebook, do Instagram. Se você não souber, é um tiro no pé. Eu não sei, e também não tenho paciência. Porque eu não sou dessa geração. Acabei aprendendo muita coisa com ela’, afirma o músico.

Além das redes sociais, Testoni também encara as novidades das plataformas de streaming, como Spotify e Deezer. E, ao comparar com o trabalho da banda na década de 70, vê ainda mais dificuldade para que se ganhe dinheiro apenas com venda e exibição de suas músicas.

‘Claro e evidente que é uma outra configuração, outra coisa. Se antigamente já era difícil ganhar dinheiro vendendo música, hoje é praticamente impossível’, dizendo que o som da banda teria de alcançar milhões de pessoas para que desse algum retorno financeiro.

‘Como é que o Casa das Máquinas, depois de 44 anos, vai conseguir uma visualização desse porte? É praticamente impossível. Mas essa não é a preocupação. A minha preocupação é poder estar dando ao pessoal que é fã do Casa das Máquinas um trabalho novo, e abrindo um espaço para que a gente possa sair para a estrada novamente’, diz.

Uma vantagem atual, para Testoni, é a gravação das músicas e de álbuns. ‘Fazer música hoje, é muito mais fácil do que na década de 70. Porque na década de 70 ou 80, para você ir para um estúdio gravar, você iria gravar 10 faixas, você iria gastar 100 mil, 120 mil reais’, relembra.

Hoje o músico curte as facilidades tecnológicas disponíveis e que, além de qualidade, reduzem os custos. ‘Quando você tinha 24 canais, era lindo maravilhoso. Hoje você abre para gravar já tem 162 canais. E o custo de um estúdio hoje você vai gastar metade, ou menos da metade até’, revela.

Depois dos três singles lançados este ano, o Casa voltou ao Orra Meu Estúdios para retomar as gravações de seu futuro álbum. O estúdio, inclusive, é de Marcello Schevano, guitarrista que deixou a banda no fim de 2018. ‘Eu estou me divertindo demais lá porque ele tem uma tecladeira vintage’, curte Testoni.

A relação com o ex-guitarrista rendeu o último single, Tão Down. ‘É composição do Marcello. Quando a gente começou a gravar ele chegou para mim e falou: Testoni, eu fiz uma música que é a cara do Casa das Máquinas. Eu ouvi e falei, daí a música que eu vou gravar. Você não está mais na banda e daí, azar o seu’, diverte-se o tecladista.

Testoni revela ao Bem Rock que uma nova música de Schevano fará parte dos próximos lançamentos. Essa gravação ainda será como uma homenagem a Pedro Baldanza, de outra icônica banda, Som Nosso de Cada Dia, morto no fim de 2019.

‘É uma música que ele tinha feito para o Som Nosso de Cada Dia. Para mim foram várias felicidades. Primeiro por ter mais uma música do Marcello. E é uma música que o Pedrão ia gravar’, afirma Testoni, relembrando do antigo companheiro de rock’n’roll.

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